CAPÍTULO NA VISÃO: Kim Hyunsung
[Iniciando o tutorial.]
“Hum… hum?”
Olhei ao redor lentamente:
“Hã? Onde estou… O que está acontecendo?”
Ao olhar ao redor, me encontrei numa estrutura escura. O lugar era completamente desconhecido para mim. O interior da estrutura estava repleta de padrões grotescos e letras que não conseguia entender.
Não via outrem além das pessoas que tinham chegado aqui comigo.
Não conseguia crer no que via. Não entendia por que estava aqui. Tudo o que recordava era de ter recebido uma mensagem estranha enquanto fazia um trabalho. Recordava de ter respondido a essa mensagem, e era só isso:
“O-Onde estou?”
“Não me pergunte. T-Também não sei.”
“T-Tem mais alguém aqui? Onde… e por que tem espadas e armas?”
“Acha que estaríamos aqui se soubéssemos disso? Acho que estamos na mesma situação. Lembram de alguma coisa?”
“OLÁ! Tem alguém aí? OLÁ!”
Não era o único assustado. Fiquei perplexo ao ouvir uma voz desconhecida. Segurei a cabeça de dor porque a voz certamente vinha de dentro da minha cabeça, mas não conseguia fazer ela parar.
Não tinha certeza se fomos sequestrados para fazer algum tipo de teste, mas uma coisa eu tinha certeza: precisava sobreviver.
A voz falava que precisava sobreviver. Falava que eu ia viver se superasse a masmorra tutorial. Tinha água, comida, itens essenciais, o nível e os atributos das armas, classes, monstros e uma janela de status.
Era como se estivesse num mundo de jogo:
‘Será que estou sonhando?’
Talvez fosse um sonho muito vívido.
“AJUDE-ME!”
“P-Por favor, deixe-me sair. Por favor…”
“Parem com essa brincadeira e abre essa porta. VOU PROCESSAR TODO MUNDO! VOU PROCESSAR! ABRE LOGO ESSA PORTA!”
“Heung… heung… Por favor, me salve. Por favor…”
“VOU CHAMAR A POLÍCIA!”
“PEGUEM UMA ARMA! Não estão ouvindo o que está acontecendo lá fora? PEGUEM UMA ARMA!”
“Vocês! Peguem uma arma! Peguem um escudo ou algo assim. DEPRESSA!”
“O que você está fazendo?! Para com esse ABSURDO!”
“ISSO NÃO É BRINCADEIRA! Não vê a janela de status? Pega uma arma logo! Ei, SENHOR! Isso parece brincadeira para você?”
“…”
“Pessoal, não muda nada se a gente continuar em negação. Temos que cuidar de nós mesmos antes de mais nada. Ouvi os gritos de monstros do lado de fora. Não importa se isso é pegadinha de câmera escondida ou sonho, temos que fazer algo. Pega uma arma, pessoal. Temos que resistir.”
“PARA COM ESSA BRINCADEIRA!”
“Não é brincadeira. Não curto brincadeira assim, e realmente espero que tudo isso seja só brincadeira. Por favor, pegue uma arma, por ora. Se for só brincadeira, lidamos com isso depois.”
Infelizmente, era real demais para ser um sonho. A sensação da parede fria nas minhas costas, cacofonia de vozes- Não, não importa mais se era sonho ou realidade.
O cara estava certo.
Precisávamos pegar uma arma para se proteger. Me dirigi até as armas para pegar uma pra mim.
SWOOSH!
Um item voou de algum lugar na minha direção. Era um escudo de madeira grande.
“Ei, cara bonito. Pega isso. Esse escudo deve ajudar.”
“O-Obrigado… hyung…” eu disse.
“Não precisa agradecer. Nem é meu. Ei, moça, vem aqui e pega um escudo também. Não sei se é brincadeira ou não, mas precisamos nos preparar para lutar.”
‘Esse cara é legal.’
Virei e vi ele conversando com um homem de porte grande enquanto segurava uma lança. O cara que tinha acalmado os outros segundos antes agora estava no comando do grupo e dando ordens para os demais.
‘Poderíamos sobreviver… Acho que a gente consegue.’
Ouvia os sons sinistros dos monstros lá fora, mas um homem e uma mulher com armas estavam prontos para enfrentá-las.
Se nos unir, a gente consegue lutar contra esses monstros.
“Pessoal com escudo na frente. Os que têm lança, cuidem das costas. Devemos conseguir lidar com qualquer monstro que aparecer.”
“Certo!”
“Não pense em mais nada. Só pense em sair dessa. Certo, vai na frente. Ei, você, ou vai na frente ou passa o escudo para outro.”
“Não, o escudo…”
“Por que está segurando se não vai usar? Fica na frente dos outros. Você também. Ei, anda logo.”
Os que tinham escudo hesitavam, mas eu entendia. Podiam se proteger com o escudo, mas quem é que queria ficar na linha de frente para proteger desconhecidos? Era a mesma coisa para mim.
Se ninguém tivesse me pressionado a ficar na frente dos outros, eu teria ficado no meio da multidão.
[O ponto de partida vai abrir em breve. 5, 4, 3, 2, 1.]
[Abrindo o ponto de partida. Boa sorte, a todos.]
O portão de pedra se abriu, e gritos irromperam no ar. Tudo aconteceu num piscar de olhos.
“KYAAAAH!”
Monstros com aparência grotesca correram na nossa direção, humanos.
CRACK!
“Hã? Uh… Uhh?”
Um som grotesco ecoou enquanto sangue espirrava no meu rosto. Minha mente parou de funcionar, e não conseguia tomar uma decisão racional.
Minhas pernas fraquejaram, me fazendo cair.
Fiquei com dificuldade para respirar.
Estava no meio do pandemônio.
Eu via os monstros desconhecidos devorarem as pessoas vivas, e não conseguia descrever totalmente o caos na minha frente. As pessoas que haviam corajosamente pegado suas armas para lutar, haviam largado para fugir.
Alguns deles foram cercados por esses monstros.
‘Vamos morrer… N-Nós vamos todos morrer. Mãe… mãe…!’
“ME SALVA! POR FAVOR, ME AJUDE! AQUI!!”
“CORRE!”
“Huh? Huh? Huh?”
“MALDITO PORCO! CORRE! VOCÊ NÃO ESTÁ ME OUVINDO?!”
“KYAAAAAH!”
“Ajuda-me! Ajuda-me!!”
“CORRE! Droga… CORRE LOGO!!”
‘Eu tenho que sair daqui.’
Essa era a única maneira de eu sobreviver. Levantei-me apressadamente e vi sacos cheios de água e comida.
“H-Hyung! Pra onde a gente vai?!”
“Pega as rações!”
Por instinto, movi-me para pegar um dos sacos ao ouvir aquela voz, mas outra pessoa também agarrou o mesmo saco que eu agarrei. Eu hesitei porque a mulher estava chorando, mas ela desabou no chão enquanto estávamos puxando o saco.
“S-sinto muit-”
Alguns monstros morderam o pescoço dela e a rasgaram, interrompendo minhas desculpas.
“Ah… Ahhh…”
“A-Ajuda… me…”
“AHHHHH!!! Ah… E-Eu… Eu sinto muito. Eu sinto muito.”
Vomitei, mas comecei a me afastar por instinto. Vi pessoas correndo em direção a uma grande saída, então pensei em segui-las, mas meus pés se recusaram a se mover.
Agitei meu escudo enquanto mordia os lábios e eventualmente vi uma abertura na multidão.
‘Eu… Eu tenho que sair daqui. Eu vou morrer se ficar aqui.’
Um homem que estava sendo perseguido por um monstro correu na minha direção.
Agitei meu escudo enquanto gritava:
“Não vem! Não vem! NÃO VEM AQUI!”, gritei.
‘Não vem! Por favor… Por favor, não vem aqui!’
THUD!
Houve um som surdo. Vi o homem cair, mas imediatamente desviei o olhar. Só podia presumir que ele ainda estava vivo porque ainda podia ouvir sua voz.
“Nossa… Quase morri. Merda.”
Estava ficando sem fôlego, mas não conseguia parar de correr. Tudo o que eu fazia era correr olhando para frente, mas a saída ainda estava longe. Senti alguém agarrar meu tornozelo, pedindo ajuda, mas…
“Socorro…”
“LARGA! M-ME LARGA!”, gritei.
“Por favor…”
“LARGA…!”
Chutei a mão no meu tornozelo e comecei a correr de novo.
Gritos vinham de todos os lados, e podia ouvir pessoas clamando por ajuda entre os gritos entusiasmados dos monstros.
‘Por favor… por favor…’
A saída estava perto, mas havia muitas pessoas na frente dela.
Ergui meu escudo e o empurrei contra a multidão. A multidão foi ao chão, mas não tive o luxo de olhar para trás porque minha prioridade era minha própria sobrevivência.
Um monstro se agarrou ao meu escudo, então larguei o escudo e comecei a correr com tudo.
Logo vi uma caverna. Estava escura, mas podia ver caminhos dentro dela.
Alguns monstros começaram a me perseguir, então me encolhi. No entanto, os monstros me ignoraram e entraram na caverna.
Não pude deixar de soltar um suspiro de alívio. Comecei a correr novamente e vi pessoas estendendo as mãos na minha direção. Elas estavam me pedindo para não ir embora.
Elas estavam me pedindo para salvá-las.
“Salva… me.”
“Sinto muito…”
“Volta! Volta! SEU DESGRAÇADO!”
“S-Sinto muito. Heuk… Desculpa. Eu sinto muito mesmo”, repeti.
Continuei chorando. Estava sem fôlego e começava a sentir tontura.
Talvez fosse por causa do sangue em mim, mas o ar cheirava a ferrugem.
“Haa… haa…”
Não tinha destino em mente. Só estava correndo para ficar o mais longe possível daqueles monstros. Não sabia onde estava também, mas não podia descansar até encontrar um lugar seguro. Estava correndo até sentir que meu coração ia explodir de tanto esforço, mas ainda conseguia ouvir gritos por perto.
‘Preciso ir para longe. Preciso ir para um lugar sem monstros.’
Caso contrário, morreria. Não sabia por quanto tempo havia corrido, mas eventualmente vi uma pequena abertura. Era um espaço tão apertado que só cabiam algumas pessoas. Deitei-me e me contorci no pequeno espaço.
Usei as pedras dentro do espaço para tapar a entrada, e foi quando desabei.
‘Não é um sonho… sonho…’
“Não…” murmurei.
Os ferimentos por todo o meu corpo provaram que não estava sonhando. Muitos pensamentos diferentes surgiram na minha mente, e comecei a lembrar dos rostos daqueles que tive que deixar para trás.
A mulher que caiu depois de eu puxar o saco de rações, o homem que agarrou meu tornozelo e as pessoas que estavam clamando por ajuda enquanto estavam sendo devoradas vivas. Esses pensamentos se acumularam a ponto que até vomitei num canto do pequeno espaço.
“BLAAAAAARGH!”
“Blaa… Mãe… Ugh… Sniff…”
“Sinto muito. Sinto muito. Eu sinto muito mesmo… Sinto muito. Sniff, mãe, mãe…
Alguém, por favor, me ajuda! Alguém, por favor, me tira daqui…!”, supliquei.
Chorava e chorava, mas ninguém me respondia.