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Isaac

Isaac: Capítulo 49.1

PARTE 1

 

O dia do julgamento chegou, levando a muitas pessoas se reunir na praça para testemunhar tudo.

Afinal, foi o primeiro caso de homicídio no distrito Ceta. Embora o culpado tenha sido pego em flagrante no local, o debate sobre a que conclusão Isaac chegaria, dada a identidade do culpado e a autoridade do Marquês por trás dele.

O orgulho do marquês, a Ordem dos Cavaleiros, cercou a praça, impedindo que qualquer pessoa se aproximasse.

Muitos pensaram que mesmo Isaac não tinha escolha a não ser ceder ao poder do Marquês. Afinal, as pessoas não eram cegas e podiam ver que os cavaleiros controlavam como se esta cidade já pertencesse a eles. E como era de se esperar de uma cidade de jogos, muitos apostavam secretamente na decisão que Isaac tomaria.

Isaac olhou ao redor da praça e viu que havia todo tipo de pessoas, de cavaleiros e aristocratas turistas a moradores que esperavam ansiosamente pelo início do julgamento.

“Bom, vamos começar! Rizzly!

Isaac que estava na cobertura, avisou Rizzly, e o Urso do Norte gritou:

“Silêncio! Senhor Isaac, graduado do Campus, um cavaleiro e Lorde da Nova Cidade Portuária fará sua aparição!”

A multidão olhou para a cobertura em confusão.

Rizzly se afastou do parapeito e puxou uma cadeira de aparência estranha.

O design atraiu a atenção de todos, com pernas curvas adicionais projetando-se das costas da cadeira ao nível do assento. Mas seu propósito foi revelado logo. Assim que Isaac se sentou na cadeira, Rizzly o pegou e o colocou na borda da cobertura. As pernas extras agarraram no parapeito, fixando a cadeira no lugar e evitando que ela caísse.

Os subordinados de Isaac trocaram olhares estupefatos. Parece que esta cadeira foi feita com um único propósito – permitir que Isaac olhasse para a multidão sem sair da cobertura, provavelmente devido à preguiça e para ter uma visão desobstruída.

A multidão reagiu da mesma maneira que seus subordinados. Quando Isaac apareceu de repente, gritaram de preocupação, mas uma vez que a cadeira se encaixou, parecia que Isaac e sua cadeira estavam suspensos no ar.

Mas o próprio Isaac nem parecia incomodado com o espetáculo perigoso. Além disso, ele parecia estar pendurado assim todos os dias e há muito se acostumou com a sensação incomum. Cruzando as pernas e apoiando o cotovelo em um dos braços, ele disse:

“Agora vou anunciar o veredictos.”

!!!!

Via de regra, o julgamento consistia em uma série de procedimentos complexos, e o veredicto final só era dado após a conclusão de todos esses procedimentos. No entanto… Isaac de repente anunciou que pularia todos os procedimentos e iria direto para o veredicto, o que, naturalmente, surpreendeu tanto a multidão quanto o acusado.

No entanto, o próprio Isaac não se importava nem um pouco com eles, e prontamente ordenou Kalden:

“Comece.”

“Hm? C-certo…”

Kalden se perguntou se essa era a coisa certa a fazer, mas ele ainda não tinha escolha a não ser obedecer.

Kalden chamou o réu do primeiro caso para ficar na frente da prefeitura, abaixo dos pés de Isaac.

“Aham… Este é o primeiro julgamento. O réu Neidan é acusado de roubo. Ele roubou uma das mercearias da Rivolden quando foi contratado como…”

“Espere. Você é um cidadão desta cidade?”

Isaac interrompeu Kalden e falou com Neidan, que rapidamente se ajoelhou chorando.

“Me perdoe! Devo ter enlouquecido!”

“Sim. Você realmente enlouqueceu. Eu condeno – impor uma multa ao réu em dez vezes o valor dos bens roubados. A cidade pagará a loja e o réu estará sujeito a trabalho não remunerado até quitar integralmente a dívida. Próximo!”

“Hmm? Só isso?”

“O que? Precisa de mais?”

“Ele deve ser punido por seu crime.”

“Já fiz isso – Trabalho não remunerado.”

“Nunca ouvi ou vi uma punição tão leve.”

“Leve, você diz? Quer trabalhar por um mês sem receber?”

“Hmm? Por que eu?!”

“Então. Você realmente acha que o trabalho não remunerado é leve para uma pessoa que tem que roubar para sobreviver? Ah! Não pense em da uma de preguiçoso e relaxar só porque não está sendo pago. Se o pegarmos, enviaremos você direto para as minas. Hm… Não, isso não é suficiente. Contrate um supervisor que irá ficar de olho em todos que trabalharão devido a punição. Agora temos um trabalhador que não precisa receber pelo trabalho e outro emprego.”

Cordnell choramingou de desagrado atrás dele, mas Isaac o ignorou completamente:

“Próximo.”

Kalden murmurou algo baixinho e hesitou por um momento antes de escoltar o próximo réu para a praça com um longo suspiro:

“Este é o segundo julgamento. O réu Korven trabalhava como garçom em um restaurante, mas um dia ele discutiu com um cliente difícil. A discussão acalorou e Korven acabou brigando com o cliente. Então, ele foi preso e acusado de agressão.

“O que! Você agrediu um cliente? Ah, devia acabar com você com minhas próprias mãos!’

Assim que Kalden terminou, Isaac de repente explodiu em raiva. Ele então gritou para a multidão na praça.

“Eu, oficial do Império, graduado do Campus, cavaleiro e Lorde, darei a você o padrão absoluto ao administrar minha terra!”

Todos ouviram com a respiração suspensa. Muitos nessa multidão eram cidadãos da cidade, mas também estavam presentes pessoas de fora. Saber como o lorde pensava era crucial.

Atraindo a atenção de todos, Isaac continuou:

“Dinheiro – verdade, justiça e poder.”

“…”

Um silêncio foi sua resposta. As pessoas não conseguiam entender o que ele queria dizer e logo começaram a murmurar algo umas para as outras em confusão.

Isaac continuou seu discurso enquanto olhava para eles:

“Aqueles que vivem na Nova Cidade Portuária são escória e vermes que nem mesmo merecem viver.”

“…”

Com isso, houve outra onda de silêncio, mas desta vez foi fria.

As palavras ofensivas surpreenderam até mesmo aqueles atrás de Isaac, cujas bocas ficaram boquiabertas de espanto.

“Por que? Porque não tem dinheiro! Quando algo injusto acontece com algum de vocês, quando suas coisas são tiradas, quando não é pago pelo seu trabalho, quando se submete à violência… Tudo isso acontece porque você não tem dinheiro.”

A explicação de Isaac fez todos inclinarem a cabeça. Essas palavras soaram certas e erradas.

A voz sem emoção de Isaac continuou:

“A razão pela qual você não pode sair desse lixão é porque você não tem dinheiro. Por causa de sua pobreza, você não pode nem cuidar de seus parentes doentes. A razão pela qual você tem que vender seus corpos para alimentar sua família é porque você é pobre. A razão pela qual você é forçado a obedecer aos fortes que devoram os fracos é porque você é pobre. A razão pela qual você mata os outros para se salvar é porque você é pobre.”

“…”

“Tudo isso poderia ter sido evitado se você tivesse dinheiro.”

As pessoas ainda estavam divididas sobre o que pensavam sobre as palavras de Isaac.

Não havia ninguém na Nova Cidade Portuária que não se preocupasse com dinheiro. Eles vasculhavam lixos, roubaram e mataram… tudo para sobreviver. Era o modo de vida deles e sempre foi.

“A vida sem dinheiro é miserável. É por isso que vocês que não têm dinheiro são apenas escória e animais que só sabem falar. Aqueles da Cidade Portuária sabem muito bem disso, eles jogaram fora seu orgulho e dignidade por uma rebelião que os ajudou a manter sua riqueza.”

A voz calma e tranquila de Isaac penetrou profundamente nas almas dos ouvintes, e seus olhares voltados para ele tornaram-se cada vez mais ameaçadores.

Os membros e hubaes ficaram horrorizados com o monólogo de Isaac.

Mesmo as pessoas mais sábias e pacientes não conseguem se conter se forem insultadas diretamente. E a raiva daqueles que sofrem com a pobreza era ainda mais ameaçadora.

Se a indignação deles se transformasse em loucura, rapidamente se transformaria em um tumulto tão grande que nem mesmo os Ursos do norte e os elfos seriam capazes de detê-los.

Os cavaleiros, por outro lado, observavam com um sorriso no rosto.

O clima piorava a cada momento. Até Rizzly e Lanburton começaram a ficar tensos.

Rizzly rapidamente deu o sinal para reunir seus membros da tribo.

“E eu te dei uma oportunidade.”

?

O silêncio reinou mais uma vez. As pessoas se perguntavam o que exatamente Isaac queria dizer com ‘oportunidade”.

Ele percebeu que as atenções estavam novamente voltadas para ele e começou a conversar com o garçom, que brigou com o cliente:

“Esteja pronto para dar sua vida pela única moeda que seu cliente joga em você. Mesmo que ele seja o maior babaca do mundo que dorme com a própria mãe, se vieram para a Nova Cidade Portuária com dinheiro, ainda é bem vindo aqui. Lamba seus traseiros se for preciso para abrir suas carteiras. Esse é o seu trabalho. Honra? Orgulho? Auto estima? Este é um luxo que só quem tem dinheiro pode ter. Nada disso importa se você é pobre. Se você acha que esse mundo é injusto e nojento – ganhe dinheiro! Se houver algum problema ou reclamação, você será enviado para trabalhar nas minas, sem perguntas. Você acha que isso é injusto? A culpa é do cliente? Não importa! Enquanto tiverem dinheiro, são inocentes. E se você não tem, então salvar o mundo não o impediria de receber um veredicto de culpado.”

“…”

“Portanto, você é culpado! Você será enviado para trabalhar nas minas por um mês! Certifique-se de que o cliente seja devidamente compensado.”

O garçom já pasmo foi levado. Todos pensaram profundamente, ponderando se o veredicto de Isaac era legal ou não.

“Tudo bem?”

Cordnell perguntou a Kalden com uma expressão séria, mas Kalden apenas agarrou sua cabeça latejante com as mãos.

“Não sei… O Lorde tem o direito de impor quaisquer sentenças, desde que cumpram as leis do Império… Uma sentença como esta nunca aconteceu… Não há nada que eu possa dizer ou fazer, já que não sou especialista em lei.”

“Parece que isso vai nos causar mais problemas no futuro.”

Cordnell e Kalden suspiraram ao mesmo tempo


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